Faz-se noite, não lembro;
apenas uma gota putreficada do orvalho que
ao cair aduba o solo íngreme.
Passos se aproximam.
São cavalgadas de eqüinos selvagens
que rompem o silêncio da madrugada.
As corujas se despertam no
mito das rasga-mortalhas que pronunciam, assim,
a morte próxima da natureza.
Animais fogem dos pastos envenenados por
gramíneas enriquecidas de agrotóxicos e similares.
Os peixes não usam mais as
suas nadadeiras para a prática do nado, nada!
Mas para “correrem” da poluição
que degrada o ambiente aquático.
E fogem; e berram e gritam!
Socorro! Socor----ro! E neste
intervalo de insanidade, caem mortos e envenenados.
Essa é a cadeia alimentar da natureza;
e quem assume, agora a base, é o homem,
pois comanda a degradação que só termina, indubitavelmente,
na sua própria espécie.
É para [ir-a-racionalidade] que
[caminha] a humanidade perversa e
Destruidora.
Todavia o sol não deixa de nascer;
acontece o dia; e morre a noite
na obscura poética.
Murillo César