quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Onde se refugia a coragem quando resolve brincar de se esconder com o medo? Um antagonismo que cria uma confusão mental e desequilibra todo o ser ou qualquer estrutura sólida. Um vento que sopra e abala uma arbórea frágil - o medo - sentimento desconcertante e insistente demasiadamente perturbador. Onde se encontra a coragem? Em algum lugar dentro do cenário humano em desorganização [harmônica]. Mas a coragem há de desabrochar, latente, em um coração que ainda pulsa com vontade de viver e aparecer para o medo, que como uma tempestade emocional, passa.

Murillo César.
Os pensamentos vagos são a calmaria do oceano: quem neles adentra, perde-se nas possibilidades de interpretação do seu eu. Quando, repentinamente, surge um navio e resgata o náufrago pensante, o mesmo - na atividade do pensamento - pede para que lhe deixem entregue à ânsia faminta dos seus tubarões.

Murillo César.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Íris esverdeada


Não sei mais se são
os teus olhos que
me encantam ou os teus
lábios que cantam.
Não sei, enfim, se fui
tomado por ondas sonoras
açucaradas da tua voz ou
hipnotizado - no divã - pela íris
esverdeada do teu olhar.

Murillo César.

domingo, 10 de outubro de 2010

A circunstância


De um instante inesperado
Acontece a circunstância
O desvelar da pura ânsia
Implode a alma no acaso.

Desta vida em dissonância
Transeunte solitária
Depara-se n’outrora a consonância
Agora, enfim, já enterrada.

Destemida morte eterna
Que a certeza se encarrega
De amedrontar o meu espírito

Composto etéreo de matéria
Em carne viva de miséria
A reencontrar o seu destino.

Murillo César.

Beleza distorcida de Narciso


Eis me aqui! Defronte a fonte
 de águas límpidas e impuras
O silêncio da madrugada esconde a dinâmica
 da vida na fronte do poeta
A imagem símile me aparece distanciada,
pois o movimento das águas tende a afastá-la
Um barco de papel navega circunscrevendo
a fonte e logo me dou conta da perecividade da existência
Não mais engatinho quando da infância, pois
já me curvo com o olhar fixo à terra, e
quando me dou conta, avisto a beleza distorcida de
Narciso.

Murillo César.

Medéia


Tosão de ouro
Desembarca em pleno mar
À mercê de um cenário
O qual há de se apaixonar
Ideia e sedução
Amor e escuridão
Vingança arrisca ideia
Mitológica Medéia
Feitiços teogônicos
Mergulho em teu mundo
Afogo-me nos teus cultos
Que ensinam-me o amar.

Murillo César.